quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Diretamente do diário secreto . . .

Gente, eu tô feliz demais. Mas como tudo na vida: existe um preço. Há uma tomada de consciência para cada passo que damos.
Olha que coisa doida. Esse fim de semana acompanhei uma vitória linda de duas alunas. Resumindo a história, essas duas "gatas guerreiras" chamadas Elis e Márcia foram para um festival de dança no interior de São Paulo. Com muita garra, porque quem conhece nossa história aqui sabe das dificuldades e tal e coisa.
Foi bonito de ver. Pra mim elas saíram daqui vencedoras, porque não estavam competindo com ninguém. Simplesmente foram para representar o trabalho que estão desenvolvendo na cidade e queriam muito ir dançar e ver dança, conhecer, explorar outro mundo. Alma cigana.
Ontem uma delas me liga chocada, porque tinha ficado em segundo lugar, em meio a 100 apresentações de todos os estilos, grupos de muitas cidades e coisas muito boas, sincronizadas, enfim, como ela disse: "tinha uma meninada boa demais! Adorei, fiquei impressionada."
Eu já sabia que elas sairíam de lá com uma excelente classificação porque são duas das minhas melhores alunas aqui na escola. E eu mesma aprendi muito com elas.
São persistentes, dão valor à arte, mantem o foco na técnica mas o coração está sempre aberto. Sabem que nunca sabemos nada, estamos sempre descobrindo. Por isso tomar conciência do próprio movimento é tão bom e tão desafiador.
Foi aí que eu, feliz da vida percebi que quando comecei a dar aula, em 1998, eu era uma excelente professora. Eu era segura, mas não tinha certezas. Eu duvidava de tudo, não tinha preconceitos.
Tudo poderia acontecer.
Uns 5 anos depois, eu era uma boa profissional, muito bem preparada e boa professora. Cheia de títulos e cursos. Mas hoje percebo porque eu não era melhor professora do que no início de carreira.
Nos últimos três anos eu aprendi de novo - e agradeço à minhas alunas por isso - que me ensinaram a ser excelente, a ser a professora que fui e mais: sem esquecer de renovar este compromisso constantemente. Pois, assim como já o perdi uma vez, posso confundi-lo novamente em meio à correria vaidosa do dia a dia.
Tranquilamente, precisamos nos colocar em dúvida: Cogito ergo sum.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Samya 2006-2009

Inicio este post informando àquelas que esperam encontrar um blog da Samya Ju cheio de informações sobre folclore, notícias de coreógrafos recomendando a gente vestir isso ou aquilo que não percam seu tempo comigo. Se ficarem aqui para ler, abram seu coração.
Muitas coisas se passaram na minha vida desde que abandonei por completo minha vida de bailarina . . . ou será que a bailarina me abandonou?
Me perdoem, tenho que confessar que a bailarina me abandonou. Após me envolver demais em atividades asfixiantes do complexo mundo blablablablalllll, por minha própria conta, risco e interesse; eu simplesmente não sentia mais vontade de dançar.
Sendo a pessoa orgulhosamente"descontrolada" que sou, deixo muito claro o que sinto e não sei mentir. Como eu poderia mentir para vocês, que me assistiam e dançavam comigo? Então parei.
E sabe de uma coisa, foi bom.
Voltei à Piracicaba, interior de São Paulo. Me dediquei ao ensino da dança, com muita humildade e simplicidade. Sem nenhuma expectativa e sinceramente, imaginando que seria o fim. Todos os dias eu me preparava para o último dia de dança.
E então eu aprendi a dançar de novo. Aprendi novos ritmos do coração, coisas que milhares de viagens à terras distantes não teriam me ensinado.
Agradeço por tudo ter acontecido assim! Lamento (mas comemoro) minha falta de sabedoria.
Sei que vocês me compreendem. Pois, assim como eu, são dançarinas. E em vocês habita o mesmo espírito nômade que habita o meu coração.
Obrigada por me receberem de volta, senti saudades.