segunda-feira, 31 de maio de 2010

Amor e movimento

Chega um momento na nossa vida que fica tudo tão claro. O meu foi preciso. No exato momento em que parei de surtar (com um monte de tralhas incrivelmente sufocantes que me cobravam muita responsabilidade) eu nasci de novo.
Inclusive a dança nasceu de novo. "Dança do ventre" me diz pouco, não me provoca. Porque realmente o universo bellydance do qual fiz parte deixou de existir em mim. Assim eu danço, de verdade - com todo coração. Não posso dizer que isso é Dança do Ventre. Não consigo submeter essa dança à qualquer regra: aquelas que eu mesma criava para mim. Não consigo impor limites. Realmente não dá mais.
Confesso com gratidão que precisei ter tudo e perder tudo. Daí esse "tudo" fez sentido, afinal.
Sem amor não há movimento.
Desejo que vocês jamais provem isso na própria carne. Se houver outra maneira de valorizar o papel do amor na dança, compartilhem com o mundo.
Estarei com vocês.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Assustadinhos

Conto fantástico autobiográfico surtante.

Tenho apenas 5 minutos e essa mensagem precisa chegar até aí:

"Tá com medo? Assume! Tá, né?
Pois bem, vem comigo. Depois eu explico, vem cá. Confia em mim."
O que pode acontecer?
Se solta, confia um pouco. Para de controlar tudo.
Obrigada, obrigado.
Apenas 1 minuto depois dá pra sentir as costelas relaxando . . . Acho que é um gemido (saiu de mim?)

"Como você se sente agora?"
É bom, né?
"Minha vez agora!!!!
Valendo."

Sim, dois adultos. Brincando de "solta-solta".
=P

segunda-feira, 17 de maio de 2010

O melhor de você

"Seja você." Eu olho com espanto, como quem diz "tem certeza?"
Clarissa adapta: "Seja o melhor de você".
Nunca tinham me dado um conselho tão bom assim.
Estávamos conversando sobre uma possível entrevista que eu viria a enfrentar. Minha querida amiga me deu essa dica. Já conhecendo meu temperamento, aconselhou-me a mostrar apenas o melhor de mim.
É claro.
Não sei porque tenho esse terrível hábito de ser "tão eu mesma" em todas as situações. Chega a ser um "eu-desagradável". E nem é por falta de controle, deve ser puro egocentrismo mesmo. Sou euzinha por inteiro até o talo.
Pois é, essa quase brutalidade.
Devaneios à parte, isso me faz pensar que deveríamos considerar a hipótese de oferecer logo ao mundo o melhor de nós mesmos em todas as situações. Com sinceridade, porém delicadeza.
O tempo avança implacável com quem desdenha da vida. E já que estamos aqui, tudo se torna precioso. Digo, ao menos na minha vida os encontros tem sido de uma alegre, viva e deliciosa produtividade. A ponto de eu realmente querer oferecer logo de pronto o melhor, sem esconder o jogo.
Seja generoso. É gostoso . . . faz tudo mais suculento. As pessoas ao redor da gente sentem-se envolvidas por uma atmosfera de desejo da natureza mais saudável: segurança, harmonia, colaboração.
Dando o melhor de você, sem economizar - pra valer! - Tudo e todos parecem derreter na sua presença. Sentimos até o coração bater junto. Os olhos brilham e as palavras vão se tornando desnecessárias porque as ações preenchem tudo.
É bom, não é?
Quero ser o melhor de mim. Pra mim e pra você.



segunda-feira, 3 de maio de 2010

Tô voltando . . .ou melhor: chegando =D


Mudando um pouco de assunto:
Tô trabalhando pra caramba, sabe . . . .
A escola aqui em Pira, no interior de São Paulo está estruturada. Depois de 3 anos de trampo forte e muitas surpresas. Formamos uma equipe incrível, as turmas estão se desenvolvendo de uma maneira que eu jamais havia previsto. Mesmo sendo uma pessoa que acredita muito, mas muito mesmo no planejamento e na força do método. Sem sarcasmo nenhum aqui, viu.
Quando falo do meu trabalho sou absolutamente precisa. Sem nenhuma malícia, nem "hahahas" fora de hora.
Quando vim para o interior de São Paulo meu objetivo existia, porém não havia o plano. Só não me preocupava em voltar para a capital. Me desliguei completamente de tudo o que me mantinha conectada a trabalhos anteriores. Em um dado momento - percebo agora - doeu. Sempre amei tudo o que fiz e me envolvo com o ambiente em que trabalho. Amo as pessoas, nos entrelaçamos, fazemos parte da vida umas das outras.
A recomendação é separar a Samya Ju e a Juliana Donzelli, mas essa separação nunca existiu - sempre houve a mulher dançarina. Seu nome pouco me importa. Ela existe em um só tempo, o agora. Respira, dança, se entrega e ama aqui no presente.
Talvez tenha sido doloroso para outros também.
Nem todos encaram com facilidade uma partida. E eu simplesmente parti. Não sem sofrer, nem sem amar muito.
A procura pelo meu trabalho continuou. Com muito respeito e carinho. Apesar de estar afastada de um grande centro de divulgação da dança há muitos anos, fazendo de tudo para me esconder - o público me "descobria" de novo.
Percebo agora, finalmente com maturidade, que não se trata de um retorno. Nem eu mesma me reconheço -por dentro e por fora. Nada restou da dançarina insegura que eu fui nessa época.
Do ser humano continua o mesmo coração, talvez um tanto mais sensível que antes. A frieza é um tipo de medo e o medo foi uma fraqueza minha.
Enfim, só percebi que morria de saudades de São Paulo quando entrava na marginal e sentia os músculos relaxando na nuca (tô no caminho de casa). Precisei assumir pra mim mesma isso. E demorou viu.
Obrigada por me receberem mais uma vez.
Me sinto em casa.