terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Caminhos, horizontes . . . certezas?Dona doida explica.

Confesso: nada de certezas!
Vem o coro grego do Aristófanes: " Graças aos bons deuses!"
Orgulhosamente declaro minha nula capacidade de planejamento eficiente, adoro improvisar e mudar de planos. Detesto surpresas, mas tenho um "je ne sais quoi" masoquista nesse ponto. Por isso acho que planejo e depois vou alterando pequenas partes, adequando de tal maneira que sempre há mais surpresas do que eu poderia prever.
É, orgulhosamente descontrolada . . .
No entando, trabalhando em equipe entendo esse comportamento como insuportável. Parece genioso, é certamente cansativo pra não dizer "mala". Por essas e outras meu projeto de disciplina é concentrar meus esforços no respeito ao trabalho de equipe - incluindo manter os planejamentos de grupo nos mínimos detalhes sem excessões. Alguém me ajuda? hahahahaha
Brincadeiras à parte, o assunto é sério: jogo de cintura é bom, mas equilíbrio vai bem.
No meu caso, uma âncora seria super bem-vinda.
Vamos chamar o Popeye, conta como um super herói, certo?
Desculpe, Sr. Batman, o senhor continua morando no meu coração. Mas não posso viver em Gotham City pra sempre.
Ao maaaaaaar!!!!!

domingo, 20 de dezembro de 2009

Férias: Sabe o que isso significa . . .?

Sim, agora tenho que fazer tudo o que preciso fazer antes do reinício das aulas e rápido, rápido, rápido! Delícia . . .
É verdade, gente eu adoro.
Primeira coisa: formatar o computador o colocar tudo em dia, cadastros, detalhamento das contas, planejamentos e tudo que foi saindo do controle (desde que os ensaios para o espetáculo começaram, confesso).
Segunda coisa:tomar um solzinho porque eu mereço.
Depois disso eu vou ver se me dá vontade de fazer compras de Natal, acho que não. Possivelmente eu deva continuar aqui no estúdio como uma administradora de primeira viagem, bolando milhões de coisas e executando mais algumas muito loucas.
Ai, que perigo me deixar sozinha aqui hahahahaha.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Momentos nonsense de pura felicidade . . .


Eu, Lola e Sultão na cama:
"Lola me dá sua garrinha? Só essa aqui, essa pequenininha aqui . . ."
"Mimmmh . . ."
"Você nem usa ela, olha que pequena. Então me empresta vai, só um pouquinho."
O Su olha pra nós duas com uma cara de tédio e estende a pata, espreguiçando e exibindo lindas almofadinhas cor de rosa pontuadas com garras deliciosamente afiadas.
Eu rio, a Lola faz seu tradicional "U'h" - (um som muito parecido com aquela oclusiva do árabe La'a, Delua'ati e assim por diante), muito gostoso.
Meus olhinhos estão "cheios de areia" e eu ronrrono feliz . . .

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Piracicabana de coração

Vou contar pra vocês uma coisa bonita.
Dia 13 de dezembro foi a abertura oficial da nova sede da Companhia Estável de Dança (Cedan) de Piracicaba.
Pra resumir: é uma conquista que me emociona demais por diversos motivos.
A Cedan tem como objetivo incentivar a prática do balé mantendo um corpo de baile amador permanente e possibilitar a formação desses bailarinos, tanto prática quanto teórica.
Meu envolvimento com o ballet clássico é o seguinte: apesar de ter nascido em Campinas, minha "ballerina" foi treinada em Ribeirão Preto, na academia Garima Augusta.
Quando mudei para Piracicaba, ainda no interior de São Paulo tive oportunidade de entrar em contato com um riquíssimo ambiente, muito próspero às artes cênicas. Aqui nesta cidade pude estudar teatro, música e dança com profissionais excelentes. E graças ao respeito e carinho que os artistas recebem aqui, sempre tivemos espaço para exercitar nossa arte. Estamos falando de Samya Ju aos 15, 16 anos.
Então, Piracicaba foi o lugar em que acumulei muito conhecimento, como uma esponja absorvendo informação. Graças à qualidade da informação que foi oferecida, quando desabrochei como artista, parecia que tudo vinha na hora que precisava. Resultado de uma educação prática e de uma vivência intensa entre artistas.
Em nenhuma outra cidade tive acesso a um teatro - como o Teatro Municipal daqui - e pude acompanhar de perto ao desenvolvimento de espetáculos sendo transportados para o palco. Observando esses profissionais na "lida" mesmo, sem o glamour que acompanha a imaginação de muita gente, tive a chance de me pegar naquele momento na coxia: "Como eu amo esse negócio!".
Hoje percebo o quanto minha educação foi privilegiada.
Em 2003, já em São Paulo, acompanhei de perto o desespero de minhas colegas ao lidar os prazos rígidos e custos altos das produções realizadas em qualquer teatro que você consiga agendar seu espetáculo pedindo e até implorando pela data.
Quando voltei pra cá, em 2006 a cidade estava diferente. Em ebulição, contava com espaços melhores para o desenvolvimento das artes. Porém a dança . . . estranhamente tudo muito quieto. Afinal, vamos combinar: para treinar bailarinos na rígida disciplina do ballet clássico, não dá pra improvisar, fazer no chão de cimento no meio da praça. Sejamos sensatos - precisamos ser caprichosos com uma infra-estrutura mínima (piso flutuante, linóleo básico) que proteja as articulações desafiadas até o limite .
Enfim, no último domingo eu vi um "projeto-sonho" que se tornou realidade. Agora temos mais que um espaço, dedicado à dança de Piracicaba. É a sede da dança de Piracicaba.
Não vou ficar tecendo sobre as pessoas pra não ficar blabalbalbla pra vocês.
Convido vocês a comemorarem comigo. Afinal são conquistas como esta que me inspiram a aprender e sonhar. E adoro dividir isso com vocês.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Quem você quer ser?

Bom dia,
"Boa ou boazinha?" - Eu te pergunto, ainda com o gole do meu chafé amargo se espalhando no céu da boca.
De alguém que realmente parece ter nascido com dano cerebral de tão boazinha que é, que muitas vezes desperta uma desconfiança absurda porque tem umas reações de princesa do Walt Disney no mundo real, e toma decisões administrativas que faz com que as pessoas sensatas levem as mãos à cabeça - com aquele olhar desesperado de OOOOOhhhhhhh noooooooooooo!
Se você é muito sortuda mas não gosta de confiar neste recurso sempre, se você gosta de se tratar muito bem, se dar valor e sabe que é boa no que faz. Mesmo sendo esse poço de ternura - aprenda cedo ou tarde que há abutres aproveitadores sem nenhum talento sendo instruídos neste exato momento a viver às custas de gente como você. Você quer continuar interpretando o papel dos restos?
Ou fazendo todo o trabalho e entregando ao outro para assinar e sair na capa? Como você se sente no fim do dia, do mês e do ano? Seja sincera consigo mesma. Não precisa contar pra ninguém.
Pare de reclamar no cabeleireiro dizendo que ninguém presta atenção ao seu currículo, ele vai responder o que sua mãe te responde. Você não vai sair do lugar e ele ainda vai te convencer a deixar mais R$200 do seu suado em algum tratamento irrelevante nesse ponto da sua vida.
Não vou dar nenhum conselho. Cada um tem seu caminho, no meu caso demorou pra eu tomar consciência de que ser boa para minhas alunas não é emprestar roupa, nem livrar ela da multa da mensalidade.
Tenho que ser uma boa administradora para manter a escola, uma boa educadora para garantir que elas aprendam e um ser humano equilibrado para meu próprio bem.
Essas lições doem mais do que aqueles treinos antigos de ballet. Lágrimas doídas rolam quando a gente percebe que nossa ingenuidade pode ter conduzido a uma desvalorização total.
Aí a gente precisa crescer, né?
Realmente algumas pessoas são especiais e compreendem seus esforços - não ficam mimadas nem acomodadas. Mas 90% da população, gente boa da melhor qualidade, fica frouxa e perde completamente o estímulo.
Daí eu me pergunto, e aqueles 10%? Se eu não tivesse mimado . . .
Pelo sim pelo não, nem fico me torturando - concluo que é melhor apertar pra todo mundo, principalmente pra mim. Sem dó nem piedade, afinal decidi ser boa.
E você?

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Libera essa mixaria!

Saber o que deseja pra si é tudo. Num tem coisa pra desgastar mais uma pessoa do que indecisão. Principalmente quando a indecisão é alheia. O famoso "empata-ph".
Agora o mais cômico de tudo é quando você convive com alguém que te proclama inconsistente e indeciso só porque você não concordou com a pessoa das primeiras 953 vezes que ela forçou a barra pra você fazer o que ela quer. Mas como você é flexível (é uma característica sua) e já tá querendo é se livrar desse encosto em sua vida você diz: "Puxa, você tem toda razão, é isso mesmo! Concordo. Pode fazer."
Daí vem: "Como assim? Acho que a Samya num tá bem . . ."
E vem a outra:" Nossa, verdade. Ela deixou super claro que não ia concordar e agora mudou de idéia e tão rápido!"

Realmente existem muitas verdades e pontos de vista, não é mesmo?
Assumo minha responsabilidade.

Jamais digo: concordei pra me livrar da sua insistência desgastante.
Agora, tem gente que tem duas bocas no lugar dos olhos. E se você deixar a pessoa te devora só nos favores. Daí tudo tem a hora do basta:
É nessa hora que interrompo o abastecimento e aviso: Agora chega, madame.
E sem mais nem menos sou acusada de tudo o que vocês podem imaginar. Já teve gente inclusive que ficou com asco, imagina só: "Ah, eu achei que você fosse outra pessoa, que decepção" - dá vontade de responder : "quando você agrada um cachorro o que ele faz? e quando você dá paulada? Manda o cachorro pro psiquiatra, ou melhor . . . " aaaaaah, tem gente que se faz de limitado.
Não gosto dessa cultura de "favores". Que fique claro: o que faço para todos que precisam de mim, são ações e não espero nada em troca meeeeeesmo. Faço de coração, de todo coração. Não sei porquê, pergunta pra minha mãe - sei lá, desde criança sou assim.
Quando requisito um serviço, quero pagar por ele. Assim como quero que paguem pelo meu serviço. Porque não abro concessões de qualidade e também não faço meu trabalho de qualquer jeito. O que é justo é justo e pronto.
Depois de uma dura experiência posso dizer: Abri exceção à minha própria regra uma única vez e vou falar - não presta.
Não percam o tempo de vocês com esse tipo de gente.

No contexto de uma escola de dança:

Pra quem não valoriza seu trabalho - e não estou falando de pagar mensalidade ( tem gente que acha que pagar R$100 pra fazer aula no mês dá direito a ser sua amiga, alugar sua alma, levar coisa sua embora etc e tal) - estou falando de respeito: convide essa pessoa a se retirar, sem maiores explicações.
Vocês não imaginam como as coisas fluem depois que vocês tomam essa decisão.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Falando pelos cotovelos . . .

Galera, perdoem Samya Xu. Mas preciso fazer minha sessão de agradecimentos parte II agora mesmo:
Especial à equipe de professoras do estúdio. Elas: Bruna, Laís, Rafaela, Kátia, Hilara - guentaram a bronca nesses últimos meses com sua dedicação, carisma e profissionalismo. Graças a vocês o Studio Samya é um sucesso.
Outro time que não me deixou na mão: Adellita, Lígia, Elis e Márcia - Obrigada, obrigada, obrigada!
Sei que não foi fácil trabalhar comigo esse ano, gente. Muitos desafios . . . e gente boa já afinou por menos.
Não é à toa que a gente se admira: somos cheias de fibra, coragem, sabemos improvisar, temos ginga e fôlego de leoa . . . fazemos o que queremos porque liberdade é fundamental!
Trabalhamos em equipe porque é um tesão dançar com vocês, dá gosto.
É como um espírito nômade que nos apaixona e empurra nossa alma pra expressão pura da dança e da música - dispensa palavras. Falamos a mesma língua enfim.
Espero que possamos aproveitar ainda mais tudo de bom que estamos recebendo nesse momento magnífico.
Obrigada,migas bolalinas!

Lembrança da Bahia


Gente,
Preciso contar pra vocês essa história, mas toda vez que chego aqui no estúdio não dá tempo de sentar e desenrolar em todos os detalhes gostosos.
Bem, é sobre o último workshop que ministrei antes de me recolher de vez - naquilo que tá narrado lá no primeiro post.
Fui recebida com muito carinho pela querida Bella Saffe, uma artista de visão incrível. O tempo que passei lá com ela foi muito enriquecedor pra mim. Aprendi muito naquela pequena semana e voltei para Piracicaba repleta de material novo, de motivação e com uma certeza: era necessário que eu me deixasse ir, a velha Samya Ju - pois algo extraordinário estava acontecendo!
Pra começar, é inspirador trabalhar com um grupo que tem essa energia livre. Muitas lições se fizeram e continuam ecoando.
Lá, arejei minhas percepções. Senti como minha dança estava enrijecendo, perdendo expressão. Estava se tornando um tiquinho do que poderia ser um dia.
Enfim, não posso contar tudo agora. Só agradecer.
Obrigada Bella, Vivi, Maíra, Lory, gatinho Nino e galera da casa Kairós. Saibam que vocês ficaram no coraçãozinho de Samya Ju.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Sem comentários, só muitas risadas

Bom, as coisas estão indo bem por aqui. Mas tô direcionada para a programação de fim de ano da escola e para projetos que serão lançados em breve.
Como adoro fazer surpresa, não vou contar nada.
No mais, ainda estou rindo muito. O tempo passa e algumas pessoas estão cada vez melhores, Randa Kamel e Yousry Sharif por exemplo. Algumas a gente demora pra descobrir, como Amir Thaleb e a magnífica Angeles.
Outras, ah, hahahahahaha honestamente admiro, nem preciso desejar sucesso, tudo de bom :-) hahahahaha
Minha surpresa: as demonstrações de carinho que recebi durante esse evento em SP (FIEL). Obrigada, meninas. Vocês são incríveis e me emocionaram muito. Depois de 3 anos ausente, parece que foi ontem que parei de dançar. Diz o ditado que quem não é visto é esquecido: mas recebi tantos abraços, tantos sorrisos, tantas recepções acaloradas e emocionadas.
Agradeço publicamente à querida Maira Magno, minha fofíssima e poderosa Maira. Ah, Mairão . . . depois te conto.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Olha só quem precisa descansar urgente . . .

Amigas,
Tô ficando perigosa de novo . . . sabe aquele meu humor psicopata (num é psicótico não) que ataca de vez em quando? Pois é, as garrinhas tão saindo pra fora de novo, começa a vir uma sede de sangue aí a coisa fica feia hahahahaa.
Brincadeiras bizarras à parte, o fato é que realmente sou Princess kitty 11 meses por ano, mas dezembro é o meu mês de virar Thundercat. É, uma extravagância de agressividade animalesca bem cheia de glam. Se eu vou virar uma fera, quero uma fera sanguinária bem linda e de preferência exótica - de pelagem e cauda magníficas.
Assim, adotei o horário do tigre ( já que vocês insistem em me obrigar a viver nesse impossível horário de verão) .
O horário do tigre é assim: Acordo mega cedo, e vou que vou até mais ou menos 12h - daí me escondo na refrescância da toca e de lá só saio ao cair da tarde - para trabalhar até a hora que der, nas calmas e tranquilas horas noturnas.
Mas é claro que eu gosto de sol, só que o sol odeia minha pele então tem que ser de leve. Não pode ser no trânsito, na rua, não. Tem que rolar um clima relaxante, um filtro solar, camadas de tecido, chapéu, óculos. Daí sim . . . ai que delícia aquela quenturinha de sol na barriga!





sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Dia da consciência


Logo após um dia lindo, preciso acionar a wikipédia:

"(. . .)Função mental de perscrutar o mundo, conforme afirma Steven Pinker, a consciência é a faculdade de segundo momento – ninguém pode ter consciência de alguma coisa (objeto, processo ou situação) no primeiro contato com essa coisa; no máximo se pode referenciá-la com algum registro próximo, o que permite afirmar que a coisa é parecida com essa ou com aquela outra coisa, de domínio."

Aí vai o cabeção pensando:
Será que estamos cientes de nossos atos e representações? Através de nossas ações, da comunicação não verbal, da verdadeira intenção que se desprende do corpo sem esforço e que se faz sentir por todos os presentes . . . sabe aquele instinto do coração?

Volta lá na wikipédia:

"A consciência (organismo do sistema conhecedor humano), provavelmente, é a estrutura mais complexa que se pode imaginar atualmente."

Bom, o que eu quero com isso é o seguinte: compartilhar com vocês a beleza que se revela nos gestos que não tem língua, não tem fronteira, não tem cor . Não fala árabe nem português, nem coisa nenhuma - pode ser que murmure hummmmm Um, Om, mam . Olha nos olhos, arrepia a mesma pele, do mesmo jeito.

No fim das contas, todos queremos reconhecimento: me reconheça como igual. Precisa explicar porquê?

Me recuso: te dou um abraço.






quarta-feira, 18 de novembro de 2009

As boas e velhas atualizações

Acordei hoje lembrando de uma experiência interessante, do tipo que enriquece as interpretações de ditados populares, por exemplo: " Se a vida te dá um limão, você faz uma limonada."
Passei muitos anos queimando a boca, mesmo com as advertências de que a exposição ao sol+delicioso sumo do limão resultaria em manchas escuras na pele.
Depois veio a fase da limonada mesmo, com muuuuito açúcar, nossa senhora mãe de Deus ( com todo respeito) agradeço por minha saúde e dentes nos dias de hoje.
E por fim, a vida me deu muitos limões e ao invés de limonada eu generosamente, fiz caipirinhas, caipiróskas e servi para os amigos, com açúcar, adoçante e gelo à vontade. Nos divertimos muito.
Pouco tempo atrás, depois que desisti de limonadas, caipirinhas e tudo o mais - uma sábia sacerdotiza da linda flor chamada Janaína me mostrou uma coisa que resgatou uma lembrança antiga: eu sempre gostei de limão. Puro. Gosto do cheiro, do jeito que ele amarra de leve na pele e na língua. Gosto da cor, da casca e do frescor que dá quando a gente cheira ele. E aqueles gominhos tão delicados que parecem mini bombinhas de ataque cítrico: mzzzzziiiiiiir, se você estoura aquela película, praticamente um véu - sua língua recebe um pontinho de "sei lá o quê" super citrus.
Afinal, parece que o limão só é horrivelmente azedo pra quem toma essa decisão antes de dar uma chance ao pobre limãozinho.
Procurem a Janaína, ela vai contar pra vocês.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Agradecimento


Boa tarde gente,
Quero agradecer a presença de vocês.
Desde que comecei a "surtar minhas palavras" em público, tive oportunidade de dialogar com pessoas apaixonadas que respeito muito e que por aqui deram o ar de sua graça.
O mesmo vale para as que não se pronunciaram com palavras, mas com sua presença trouxeram uma mensagem.
Muito obrigada.

domingo, 8 de novembro de 2009

O ingrediente secreto

Uma vez alguém me perguntou: "afinal, que bailarina você anda estudando, hein? Você tá dançando muuuuuuito! " - Com aquela ênfase exageradamente hiperbólica redundante que geralmente acompanha nosso discurso ao elogiar sinceramente outra bellydancer.
Fiquei tão envergonhada, entre outras coisas porque não estava "estudando" bailarina nenhuma. Respondi inocentemente: "a bailarina Samya Xuuuu!"
Não confundam as coisas - Não significa que eu seja um gênio, uma espécie de auto-didata que nasceu com consciência plena do corpinho ou algo do gênero. Eu estava concentrada em deixar fluir tudo o que havia tecnicamente estudado minha vida inteira e meu foco estava justamente em me preocupar com minha expressão, sem imitar ninguém. Inclusive eu estava evitando todo tipo de referências.
Outro detalhe importante, minha ligação com a música: sou muito concentrada na qualidade das melodias, é como se elas falassem comigo. Até mesmo os ritmos árabes parecem ter humor para mim. As pausas, momentos de tensão e relaxamento, tudo isso forma um conjunto poderoso que se traduz em movimentos muito rapidamente. Não dá pra explicar com palavras, assim eu danço.
Acho que esse processo in, de dentro -íntima de verdade, faz a gente improvisar com prazer. Sentir que dança de verdade.
E é só isso.
Se houver um segredo, arrisco meu palpite - a paixão de dançar ( não subestimem esse poder da natureza!) .
Jamais deixei de amar a dança, mas quando minha paixão me abandonou . . . foi como se eu mesma tivesse morrido um pouco. E eu não encontrava aquela Samya apaixonada em lugar nenhum.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Direção

Assim como o ator, o cantor e outros bailarinos:bailarina de dança do ventre precisa de direção. Poucas reconhecem a importância desta técnica-algumas até desdenham.
Sem exames de autocrítica e muitas vezes uma análise apurada de um vídeo (pode ser caseiro) não temos certeza da medida certa de nossa "entrega cheia de sinceridade" aplicada em cena, do tônus perfeito para um certo movimento no momento "tal" da melodia e assim por diante. Em resumo: muitas intensões podem não ficar bem claras para quem nos assiste.

Como se fosse um texto - faz muito sentido para o autor, mas nem sempre conseguimos compreender a exposição de idéias. Muitas vezes porque não houve uma exposição clara, de fato, seja por imperícia técnica, escolhas ruins, articulação pobre, pressa ou falta de
paciência o resultado é o mesmo: a comunicação do que era mais importante se perdeu num emaranhado de palavras.


E tem mais: É uma questão de ângulo, de visão.
No caso da composição de dança é literalmente olhar-se de fora e se possível um pouco de cima para visualizar deslocamentos, postura, linhas e alcance de expressão.
Isso o espelho não faz.
Agora compare: do espelho para a câmera ( vídeo) ; e do vídeo entregue-se para a análise de um bom profissional.
Eu explico:Você ensaia se olhando no espelho e grava essa mesma apresentação - pede à uma profissional de confiança para assistir você. São 3 avaliações.
Você escreve suas 2 avaliações separadamente. Uma logo depois de dançar e se ver no espelho e outra depois de assistir ao vídeo. A profissional convidada escreve a terceira.
Agora compare a impressão 1 à impressão 2 que é sua própria avaliação depois de ver à fita. Quanta diferença, não é mesmo? Você está chocada eu sei.
Leia a avaliação do outro profissional, do outro olhar, o de fora - o do público.

Você acha que dá para se avaliar, corrigir ou ter uma real dimensão da sua dança assistindo a um vídeo?
Pense nas bailarinas que você viu ao vivo, de pertinho depois de ver por muitos anos em vídeo. Há milhões de detalhes que o vídeo não capta.



Não é só porque você atingiu um desenvolvimento satisfatório na sua dança que pode sair por aí dispensando recursos que as artes utilizam há milênios . . . isso pode ser só o começo.

Pensem com carinho.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Descoberta

Sabe que percebi uma coisa muito interessante sobre a dinâmica das relações humanas ( e felinas) na minha vida. Quanto mais sinceramente sou, falo, expresso e danço plenamente, mais gostoso fica. Mais amor eu recebo.
Anos atrás eu pensava que deveria ser muito certinha e controlada para evitar confrontos - desagradar as pessoas com minha presença, com minha dança.
Opiniões politicamente corretas podem "harmonizar" muito bem com a maquiagem certa, a roupa bem escolhida. Tipo um programa de TV em que trocam todo o guarda-roupa da vítima feliz, cercada por stylists enlouquecidos.
Falando francamente, no meu caso acho que era uma insegurança fd%*%*%*, entendeu?
Enfim, hoje em dia eu percebo que quanto mais a gente permite ser do jeitinho que a gente é, mais bonito fica. Até quando fica feio.
O primeiro insight veio assistindo a Dina, ela mesma. Vi um vídeo em que ela estava linda, perfeita. Roupa elegante, cabelo bem melhor, corpão aprimorado, giros supremos. Mas não sei . . .voltei à Monte Carlo - Dina em Monte Carlo obaaaaa!, aquelas roupas terríveis, aquele cabelo estranho, maquiagem digamos, ah deixa pra lá. Mas que tesão de dançar essa mulher tinha. Como ela era deliciosamente imperfeita . . . e tão original nas suas escolhas de leitura. Uma Dina apaixonada pela música. Até sob os olhares de . . . (?) de uma Amani libanesa que não percebia que estava sendo filmada.
Mas eu nem me comparo à super Dina, pelo amor de Deus!
O que me bateu fundo pra comprovar a teoria foi uma lembrança: escala de sábado na casa de chá. Sabe aquele dia que você tá literalmente atacada, exagerada?Tá dançando como se aquele dia fosse o último?
Foi esse dia, nos idos de 2002, 2003 . . .
Eu entrei quebrando tudo numa música clássica, sem censura nenhuma, pirando.
Foi a primeira vez que consegui esquecer de tudo, ao invés de travar quando o Habibi entrava na sala pra tocar snujs.( É como aquele respeito que temos pelos professores da gente. Dá uma travadinha básica na presença dos mestres. O mesmo me acontecia nas aulas da Lulu)
Quando eu saio é que me lembro: Ai, vou tomar bronca do Habibi!
Minha surpresa: " Samya, woooow!muito bom" - um elogio empolgado.
Uma nota importante de direção para o meu trabalho. Não é qualquer opinião.

Minha descoberta foi essa. Ontem me lembrei disso ao fazer uma apresentação extremamente relaxada, sem pretensões de perfeição. Sabem o que aconteceu? Elogios sinceros e empolgados.
Mas o mais imporante: eu fiquei extremamente satisfeita com a bailarina Samya Ju.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Tensões

Boa tarde, gente.
Tô muito feliz hoje, lançando o espetáculo do dia 7 de novembro. Por falar nisso estão todos convidados.
Estou feliz e muito nervosa porque vou dançar um solo. Ainda nem sei qual música, mas sei que será difícil para mim. Faz muitos anos que eu não sinto esse gelinho bom na barriga . . .
Enfim, queria compartilhar com vocês isso.
Além de ser um trabalho muito diferente, ele marca uma fase importante pra mim. A fase do "pagando a língua linguarudinha da silva". hahaha
Por isso estou procurando uma música que me faça dançar tudo o que um dia eu disse que não dançaria, sabe como é?
Sugestões?
Alguém me ajuda?
Por favor . . . mmmmm
miaauuuurgh

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

mamãe-gato

Ah, nesses últimos tempos eu não tô parando em casa. Só chego pra dormir e já saio bem cedinho.
Fim de semana não existe, nem dia de folga.
Por essas e outras tô tomando várias broncas felinas. A hora que eu chego em casa vem a Lola : miaumiau miiiiiiaaauuurgh, miauu.
Aí comecei a perceber uma coisa engraçada: todo mundo falava que a Lola parecia um bebê comigo. Mas acho que é o contrário.
Ela é uma gata adulta, totalmente independente, tem as coisas dela. Mas quando eu não apareço nos horários regulares ela fica brava comigo. Cobra atenção, quer que eu espere ela comer, me chama pra deitar. Daí fica comigo até eu dormir, romroms e afofadas e miaus meigos.
Quando eu durmo ela vai pra cama dela.
De manhã lá vem ela me acordar cheia de denguinhos. Só falta falar: vamos, tá na hora.
Sei o que vocês estão pensando . . .eu também sempre acho que ela quer comida - mas quando vejo as tigelinhas deles já foram abastecidas. Água fresquinha, caixa limpa.
Meu pai acorda cedo . . .
Aí percebi que quem cuida de mim é ela, porque no meio de toda a correria me pego morrendo de saudades e precisando de um colo de Lola . . .

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Sobre método de ensino

Particularmente, sou movida a dois extremos de trabalho bem conduzido: improviso ou trabalho coreogáfico elaborado. No primeiro caso a segurança é substituída pela delícia de aventurar-se em suas próprias previsões lógicas com relação à musica.
Já na coreografia - é magnífico enxergar a música com os olhos de um coreógrafo excepcional. Quem já teve o prazer de trabalhar com algum sabe o que digo.Com direção, podemos ser a melhor bailarina que pudermos ser.
Interpretando a coreografia de outra pessoa, interpretamos sentimentos fora do nosso mundo interior (da improvisação). É preciso conhecer, mergulhar e reinterpretar os movimentos de acordo com as instruções do artista que os uniu.
Agora, vamos voltar um pouquinho para os primeiros passos, porque tenho a impressão de que comecei essa conversa pelo final.
Há algum tempo rendi-me à praticidade dos métodos americanos. Afinal, tive oportunidade de trabalhar com um grupo de alunas - não sei se representativo do padrão da cidade - mas alunas com muita dificuldade. Confesso que fiquei muito assustada no primeiro ano de trabalho aqui em Piracicaba. Até porque eu ainda viajava bastante para ministrar aulões em outras cidades e encontrava realidades bem diferentes.
Eu percebi que o método escolhido pelo meu corpo e meu coração: o delicioso, intuitivo, gingado jeitão árabe teria de ser substituído.
Naquele período (2005-2006) eu estava "normatizando" o que chamava carinhosamente de "técnica egípcia de quadril" - conjunto dos estudos de meus VHS P&B (Graças à indicação do querido Omar Naboulsi) e o principal : das atualizações iniciadas por Mme. Raqia Hassan aqui no Brasil em 2000 e um desenrolar contínuo de estudos até a primeira vinda de Randa Kamel em 2005. Foi o que salvou meus joelhos de uma aposentadoria precoce. Mas depois eu conto essa história, afinal isso aí mudou a dança de todo mundo - vocês estão "carecas de saber".
Agora imaginem, ter que voltar para o espartano método americano - com modificações é claro - . . . mas eu sofri, meu corpo sofreu. As alunas aprenderam, isso é o que importa.
Só que sou teimosa e de uma coisa eu não abro mão: meu método jamais negligenciou o que considero o mais importante para uma bailarina - seja ela de clássico, flamenco, dança do ventre, axé ou sei lá o quê: Comunicação.
Meu posicionamento é totalmente a favor do ensino da dança envolvendo estímulos de interpretação e musicalidade - Como nos esclareceu a inigualável Mme. Farida Fahmi: "você não pode "deseducar" o corpo e o ouvido de seu aluno, obrigando-o a realizar um movimento que não está na música. Todo movimento precisa de motivação".
Parece muito óbvio, todo mundo sabe disso. Mas observem as aplicações práticas: quantas alunas vocês já receberam que não conseguem reagir aos estímulos musicais? Será que é porque ela passou cinco anos dentro de uma sala de aula em que a professora estava constantemente berrando junto com qualquer música pop? Pra animar, sabe? Ou os famosos 7 e 8 nos compassos de 4, 6 e 10 tempos da música árabe.
Volta na discussão proposta por Hossan Hamzy? Não, minha teimosia é muito pior. Não basta a música, não basta o movimento. Tudo tem que ser apresentado em conjunto: expressão, combinação de braços, dinâmica. Ah, o confuso método árabe? Me perdoem, senhoras e senhores. Na minha humilde visão é o completo método árabe.
Assim, uma aluna com boa conscientização corporal aprende os movimentos básicos em poucos meses e pode se dedicar ao desenvolvimento artístico de sua técnica.
Porque é muito triste quando alguém de procura e diz: "Danço há 5 anos mas não sei "juntar"". E quando você vai analisar, passaram 5 anos vendendo partes incompletas pra ela. Se fosse um móvel ela teria agora umas 10 mesas com 2 ou 3 pés, armários desmontados porque não há parafusos. A moça já começa a achar que ela é o problema, sabe?
Continuo acreditando que facilitar demais acaba dificultando, além de insultar a inteligência . . .

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Organização, energia, vazamentos etc

Meus amiguinhos,
Conhecer nossos limites pode ser uma coisa deliciosamente assustadora.
Antigamente eu confundia muitas coisas com cansaço. Dizia:"Ah, é cansaço. Só preciso trabalhar menos, ou talvez reduzir o estresse. blablabla, blobloblo bla."
Em muitos casos, pode até ser "o" caso. Mas nas situações que enfrentamos, nós, bailarinas que lidam com mais bailarinas no meio de dança do ventre, em que há muito barulho por nada, pode ter certeza de que o buraco é mais embaixo.
E quase sempre há vazamentos que se explicam mais tarde, após uma análise apurada dos fatos.
Você não precisa ser frio, nem calculista. Porém, pode ser menos passional ao lidar com pessoas muito inflamadas.
Por outro lado, às vezes é necessário um tour de force para acender em certas almas um calorzinho . . .
O confronto entre as atitudes "relax" e "stress" é um ralo - por onde horas e horas de ensaio se perdem. Todos perdem o digamos, fio tensor, que dá a medida exata entre rigor e serenidade.
O que me incomoda muito no meio é o perfil "relax". Auquela pessoa que nunca faz nada, não vem na aula, num vem no ensaio, não se compromete com coisa nenhum, não desiste! Nem isso. Insiste em frequentar a aula, o grupo, o projeto sendo que não se dedica nem um pouco para ele. E então, quando tudo está acontecendo, fervendo gostoso, todos trabalhando no maior pique e astral, cheios de motivação chega o "relax" e diz: "Credo, como vocês estão estressados!"
Alguém explica por favor: quando a gente faz o que gosta a tendência é se apaixonar e inflamar quando vê tudo dando certo, a gente se empolga, fala alto, faz tudo dando o máximo. Sabe? Para muitas pessoas isso é confundido com "nervoso", então tá bom. Realmente é nervoso se você colocar essas duas atitudes em choque. Vejamos:
Estamos em um ensaio, fazendo o que amamos. Ninguém foi obrigado a vir, nos unimos por afinidade artística, comercial e/ou cultural e estamos produzindo na maior alegria.
No entanto uma bailarina "estressada", quer produzir dentro dos prazos, com máxima qualidade, sem drama nem chororô. Só quer ver resultado para os planejamentos previamente realizados.
A bailarina "relax" sumiu uns dias porque estava fora, precisava tirar "um tempo". Estava "estressada e não queria comprometer seu desempenho no espetáculo". Por conta disso, o resto da troupe ensaiou sem um integrante e teve problemas com a formação, marcação de palco, o básico que todas as cias de dança do ventre conhecem muito bem.
Quando se encontrarem, o clima estará um tanto tenso para ambos os lados com toda razão. Agora analise, de uma maneira cool. Pra não dizer fria ( sentido um tanto negativo que damos a essa qualidade no Brasil), mas podemos dizer fresca.
De uma maneira arejada, fresca, vamos observar. Todas nós já estivemos nos dois papéis não é mesmo? E fizemos várias tempestades em cálices de champagne, xícaras de chá e copos d'agua - tudo no maior luxo!
Só posso concluir que, se nos importássemos mais com a atividade que desenvolvemos e menos com nosso desempenho pessoal, poderíamos ter equipes de dança do ventre excelentes. Pois na minha opinião já temos os melhores professores,trei adores, técnica, bailarinas e performers do mundo. Sim, do mundo.
E nada do que fazemos sozinhos pode ser melhor do que o que fazemos juntos. Pode tentar, vai tentar muitas vezes . . .
Como me ensinou uma querida amiga e parceira de dança: "Nenhum de nós é melhor do que todos nós juntos."
Frase bonita.
O que será que falta para nós, cias de dança do Brasil atingirmos a qualidade que merecemos de fato? Talento, tecnologia, beleza, espaço não falta.
Talvez pudéssemos estudar, entre conscientização corporal e feminina ou disciplinas que revelam, descortinam, mimam e encorpam a sua "deusa interior" até o limite do absurdo; talvez pudéssemos estudar a conscientização sim, de tudo isso com ênfase no seu ser humano interior ( ah, eu sei que vc é humana, embaixo de todo esse glitter!!!!) para fazê-lo se relacionar melhor com os outros seres humanos. Inclusive para produzir dança de qualidade mesmo.
Imaginem o que nós: deusas brasileiras da bellydance internacional (hahahaha) poderíamos aprender se superássemos o complexo de BDSW - Bellydance Superstar Wannabe . . .

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Freud explica, se bem que nem precisa . . .

Bom dia amados,
Essa noite tive um sonho tão lindo que não via a hora de chegar aqui pra contar pra vocês.
Olha que bonito: Eu e minha mãe, a Laila Elvira mesmo, estávamos no alto de uma edificação cheia de verde. Flores e matas, frutos, tudo cheio de orvalho, coisa linda.
Eu e ela nos alternávamos na colheita e consumo de sementes de tangerina. Mesmo quando nossa assistente dedicada, a Rosângela ( sim, Ro você mesma!) discretamente reprovava nossos excessos criativos: literalmente criativos - porque de cada semente nascia um bebezinho lindo rindo alto e a gente não parava de ter bebês! Um atrás do outro.
Até que eu saí e desci, perguntei pra Ro: cadê a mamãe? e ela respondeu: ah, tá lá ( e olhou pra cima)"Disse que ainda precisa fazer mais uns seis" ( e fez aquela cara tipo: vocês sabe como sua mãe é sapeca e teimosa) -Nisso ouvimos mais uma gargalhada daquela de nenê em estado de graça.
Daí acabou o sonho :-(
Nem precisa dizer que acordei sorrindo e corri pra cama da mamãe :-)

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

As sete faces de Salomé

Há algum tempo me perguntaram:
Samya, o que você acha da "Dança dos Sete Véus"? Qual foi a bailarina que melhor a executou na sua opinião?
Dei minha resposta e a pessoa não gostou não . . . outras pessoas não gostaram não, deu um "fuá bão".
Minha opinião foi a seguinte: Como artista, eu achava o conceito de elaboração das bailarinas de Bellydance muito interessante. Para simplificar: o argumento para a elaboração da personagem surgia bastante ligado à mitologia grega (ao mito de Deméter e Perséfone). Ou seja, a passagem e transformação da menina-mulher. Sua descida ao "mundo subterrâneo", desconhecido digamos assim. Simbologias que não me sinto apta a descrever por falta de competência mesmo. Mas que como artista entendo perfeitamente e consigo colocar em coreografia, música e movimento.
Expliquei para a "colega curiosa" que não havia visto uma execução que me chamasse a atenção até ler a peça de Oscar Wilde, lá pros meus 22 anos. E posteriormente, graças à minha querida amiga Neucimar Lima, assistir ao belíssimo filme de Carlos Saura: Salomé.
Então recomendei: para mim a Salomé de Carlos Saura é a melhor dança dos Sete Véus e a melhor interpretação da personagem. (Apesar de achar que, se eu fosse criar a personagem Salomé, ela seria completamente diferente, muito menos romântica do que a de Wilde e Saura. Isso para não mencionar S. João . . . que é uma verdadeira maravilha da recriação!)
A pessoa virou pra mim e disse: Ah, legal o que é isso? É filme? Vou pegar.
Dalí uns dias ela me liga: "Mas Samya Juuuu, esse negócio que você mandou eu assistir é Flamenco, é dança espanhola, nada a ver. Como você pode dizer que isso é a melhor dança de sete véus que você já viu?"
Me desculpei pelo "fora"e disse:" Sinto muito , apenas me emociono muito com aquela montagem, nenhuma concepção desse personagem causou esse impacto em mim. Mas eu nem vi tantos assim e nem sou tão "pegada" assim nisso aí né. Achei que você ia gostar. . ."

Ingenuidade minha . . . talvez pura sinceridade . Não sabia que existia um certo sentimento de competição entre as modalidades, digamos assim. Pra mim era tudo dança, tudo arte. Todos em busca daquela "expressão única", como me ensinou minha sábia amiga Hilara Crestana.
Aí me pego sentindo de vez em quando: humanizando esses meus personagens que danço. Talvez eu os esteja "dando carne e sangue" demais . . .
Como se os deuses de repente nos tornassem tão humanos que não suportássemos nossos sentimentos e tivéssemos que dançá-los como fez Salomé, embaixo de uma lua sangrenta.
Uma menina quase mulher presa entre mundos que não se compreendem e não se toleram: Herodes querendo calar João, João querendo calar Herodes.
Salomé fala - seu corpo não quer calar. Não é à toa que ela dança, e sua dança é descrita por sete véus, expressão pura. Me dá impressão de que ela dançou com todo seu espírito.
Pouco me importa que ela tenha dançado dança do ventre, ballet, flamenco, que me importa? Alías, me parece um questionamento tão vulgar.
Prefiro imaginar meu personagem deixando a mensagem ao mundo: não calem!
E é quando a fúria de um coração triste perfura a garganta de um homem, calando a todos.
Vocês bailarinas, dançariam em troca disso? Tenho certeza que não.
Não calem seu corpo, escutem a arte livre. Pouco importa.
Dancem com todas as suas vozes, removam os véus. Dancem como Salomé.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Agradecimentos do coração

Bom, sempre digo que não há instinto como este: o instinto do coração.
Agradeço as pessoas que compartilham minha vida: Às vezes faço isso ruidosamente, abraço, grito. Tento por toda lei demonstrar o quanto estou agradecida - mas a pessoa não entende.
Às vezes o faço silenciosamente por muitos dias, depois de perceber o quanto estou agradecida. Porque o que a pessoa viveu comigo (me ensinou, compartilhou, dançou) ainda está ecoando pelo meu corpo e pela minha vida. Como se fosse uma reverberação, um daqueles tremidos bonitos que a gente acompanha no derbaque pruuuuuuuurrruuuuuu tak . . .! Até ele estalar e pingar forte "ploc" igual pipoca hahaha.
E assim como esse rush, cada um tem um ritmo interno. Por mais que a vibração das ondas reverberando " rrrrr " seja matemática, tenha uma medida, cada um sente de um jeito e ela nunca é igual. Por isso não há instinto como o do coração. E pra deixar essa onda correr a gente precisa perder o controle dos músculos.
Enfim, quero agradecer e não vou dizer os porquês . . . fiquem curiosos. nhaaaam

Beatriz Godoy
Hilara Crestana
Vânia da Academia Corpus Piracicaba-SP
Mme Laila Elvira
Íris Faria da Cia. Ia Set de Piracicaba -SP
Mme Lulu Sabongi
Sr. Omar Naboulsi
Mme Farida Fahmy
Grasiela Gomes Santos
Cia. Maktub de Piracicaba-SP
Lolita Esmeraldah
Sr. Mahmmoud Reda
Seu Dito e Dona Ivone
Minha querida Laís Reinaldo
A magnífica Mme Sandra Procopio
Minha "mãe loira" Mme Nagla Yacoub
Sultão
Thiago Donzelli
Sr. Jorge Donzelli, o "Mufasa"
Rosalina, a Rosalinda
Bruna Marcotriggiani
Studio 415 de Piracicaba-SP
Todas as minhas alunas e suas famílias
Os namorados e maridos de minhas alunas que tem uma paciência com a gente!

Bom, acho que esse é só o parte I . . .
Obrigada por terem me apoiado e me beneficiado com sua sabedoria, amor e carinho. Todos vocês moram no meu coração.
E não me esqueço o que vivemos juntos, contem comigo. Abraço carinhoso:-D

domingo, 4 de outubro de 2009

Reflexões

Galera, não sou dada a essa coisa de silêncio do sábios.
Não me considero sábia, não tenho a pretensão de fingir que sou, nem de deixar ninguém pensar que sou ( sabe como é?).
Enfim, então eu vou falar mesmo: Passei uns 3 anos me calando feio de tanto ouvir os outros me dizerem que eu deveria me " preservar " mais.
O objetivo é que eu deixasse de "magoar as pessoas acidentalmente", do tipo de situação assim: "uauu, como sua dança está madura!".
"Você ouviu o que a Samya faloooou pra mim?" "Não, o que foi" "Ela falou que eu tô velha!". Ou seja, todo cuidado é pouco . . .principalmente ao fazer um elogio.
Sabe o que aconteceu? Será que deixei de magoar muita gente? Provavelmente. Não foi aferido, nem quantificado adequadamente por experiências laboratoriais respeitáveis.
O que eu sei, e que foi percebido pelas pessoas que comigo conviveram nos últimos anos (os anos do silêncio), foi que deixei de expressar meu amor. Ao me calar por medo de ser mal interpretada, calei também minhas expressões de carinho.
Qual não foi minha surpresa ao perceber que minha dança também tornou-se inexpressiva, sem calor, sem coração. Tudo por medo.
Até que meu corpo, não importa o quanto eu o alongasse e exercitasse, começou a se tornar rígido. Pessoas, aconteceu mesmo!
Minha expressão se tornou cansada, doente e muito triste. Porque vivi por anos acreditando que eu era uma péssima pessoa, péssima bailarina que não merecia nem um abraço de perdão. Hoje compreendo que até o pior criminoso merece o perdão e tenho certeza que não cometi crime algum, nem passei perto.
Aprendi da pior maneira que algumas pessoas simplesmente vão sempre tomar suas palavras como insultos e que você deverá ser forte o bastante para não se abalar com isso. Porque às vezes o mundo (pequeno mundo) que habitamos naquele período da nossa vidinha se torna um lugar totalmente   estressado, nervoso, em que todos adoecem. Quem está são se pergunta: Se todos estão bravos comigo, devo ter feito algo errado, então vou pedir desculpas, vou retificar. Quem está são questiona suas atitudes.
No momento que você não recebe nenhum perdão, nem compreensão com sua suposta falha ou pisada na bola ( porque a pessoa nem sabe o que perdoar!!!), tenha certeza de que não é com você e aperte com todo gosto aquele botãozinho que se esconde em você, aquele mesmo, o do FFFFFFFF DA-SE!!!
Chacoalhe a juba, dê uma caminhada pra soltar as pernas, tomar vento no rosto.
Na volta, faça uma visita ao banheiro e termine de deletar essa pessoa da sua vida para todo o sempre.
Adeus . . .

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Diretamente do diário secreto . . .

Gente, eu tô feliz demais. Mas como tudo na vida: existe um preço. Há uma tomada de consciência para cada passo que damos.
Olha que coisa doida. Esse fim de semana acompanhei uma vitória linda de duas alunas. Resumindo a história, essas duas "gatas guerreiras" chamadas Elis e Márcia foram para um festival de dança no interior de São Paulo. Com muita garra, porque quem conhece nossa história aqui sabe das dificuldades e tal e coisa.
Foi bonito de ver. Pra mim elas saíram daqui vencedoras, porque não estavam competindo com ninguém. Simplesmente foram para representar o trabalho que estão desenvolvendo na cidade e queriam muito ir dançar e ver dança, conhecer, explorar outro mundo. Alma cigana.
Ontem uma delas me liga chocada, porque tinha ficado em segundo lugar, em meio a 100 apresentações de todos os estilos, grupos de muitas cidades e coisas muito boas, sincronizadas, enfim, como ela disse: "tinha uma meninada boa demais! Adorei, fiquei impressionada."
Eu já sabia que elas sairíam de lá com uma excelente classificação porque são duas das minhas melhores alunas aqui na escola. E eu mesma aprendi muito com elas.
São persistentes, dão valor à arte, mantem o foco na técnica mas o coração está sempre aberto. Sabem que nunca sabemos nada, estamos sempre descobrindo. Por isso tomar conciência do próprio movimento é tão bom e tão desafiador.
Foi aí que eu, feliz da vida percebi que quando comecei a dar aula, em 1998, eu era uma excelente professora. Eu era segura, mas não tinha certezas. Eu duvidava de tudo, não tinha preconceitos.
Tudo poderia acontecer.
Uns 5 anos depois, eu era uma boa profissional, muito bem preparada e boa professora. Cheia de títulos e cursos. Mas hoje percebo porque eu não era melhor professora do que no início de carreira.
Nos últimos três anos eu aprendi de novo - e agradeço à minhas alunas por isso - que me ensinaram a ser excelente, a ser a professora que fui e mais: sem esquecer de renovar este compromisso constantemente. Pois, assim como já o perdi uma vez, posso confundi-lo novamente em meio à correria vaidosa do dia a dia.
Tranquilamente, precisamos nos colocar em dúvida: Cogito ergo sum.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Samya 2006-2009

Inicio este post informando àquelas que esperam encontrar um blog da Samya Ju cheio de informações sobre folclore, notícias de coreógrafos recomendando a gente vestir isso ou aquilo que não percam seu tempo comigo. Se ficarem aqui para ler, abram seu coração.
Muitas coisas se passaram na minha vida desde que abandonei por completo minha vida de bailarina . . . ou será que a bailarina me abandonou?
Me perdoem, tenho que confessar que a bailarina me abandonou. Após me envolver demais em atividades asfixiantes do complexo mundo blablablablalllll, por minha própria conta, risco e interesse; eu simplesmente não sentia mais vontade de dançar.
Sendo a pessoa orgulhosamente"descontrolada" que sou, deixo muito claro o que sinto e não sei mentir. Como eu poderia mentir para vocês, que me assistiam e dançavam comigo? Então parei.
E sabe de uma coisa, foi bom.
Voltei à Piracicaba, interior de São Paulo. Me dediquei ao ensino da dança, com muita humildade e simplicidade. Sem nenhuma expectativa e sinceramente, imaginando que seria o fim. Todos os dias eu me preparava para o último dia de dança.
E então eu aprendi a dançar de novo. Aprendi novos ritmos do coração, coisas que milhares de viagens à terras distantes não teriam me ensinado.
Agradeço por tudo ter acontecido assim! Lamento (mas comemoro) minha falta de sabedoria.
Sei que vocês me compreendem. Pois, assim como eu, são dançarinas. E em vocês habita o mesmo espírito nômade que habita o meu coração.
Obrigada por me receberem de volta, senti saudades.