segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Organização, energia, vazamentos etc

Meus amiguinhos,
Conhecer nossos limites pode ser uma coisa deliciosamente assustadora.
Antigamente eu confundia muitas coisas com cansaço. Dizia:"Ah, é cansaço. Só preciso trabalhar menos, ou talvez reduzir o estresse. blablabla, blobloblo bla."
Em muitos casos, pode até ser "o" caso. Mas nas situações que enfrentamos, nós, bailarinas que lidam com mais bailarinas no meio de dança do ventre, em que há muito barulho por nada, pode ter certeza de que o buraco é mais embaixo.
E quase sempre há vazamentos que se explicam mais tarde, após uma análise apurada dos fatos.
Você não precisa ser frio, nem calculista. Porém, pode ser menos passional ao lidar com pessoas muito inflamadas.
Por outro lado, às vezes é necessário um tour de force para acender em certas almas um calorzinho . . .
O confronto entre as atitudes "relax" e "stress" é um ralo - por onde horas e horas de ensaio se perdem. Todos perdem o digamos, fio tensor, que dá a medida exata entre rigor e serenidade.
O que me incomoda muito no meio é o perfil "relax". Auquela pessoa que nunca faz nada, não vem na aula, num vem no ensaio, não se compromete com coisa nenhum, não desiste! Nem isso. Insiste em frequentar a aula, o grupo, o projeto sendo que não se dedica nem um pouco para ele. E então, quando tudo está acontecendo, fervendo gostoso, todos trabalhando no maior pique e astral, cheios de motivação chega o "relax" e diz: "Credo, como vocês estão estressados!"
Alguém explica por favor: quando a gente faz o que gosta a tendência é se apaixonar e inflamar quando vê tudo dando certo, a gente se empolga, fala alto, faz tudo dando o máximo. Sabe? Para muitas pessoas isso é confundido com "nervoso", então tá bom. Realmente é nervoso se você colocar essas duas atitudes em choque. Vejamos:
Estamos em um ensaio, fazendo o que amamos. Ninguém foi obrigado a vir, nos unimos por afinidade artística, comercial e/ou cultural e estamos produzindo na maior alegria.
No entanto uma bailarina "estressada", quer produzir dentro dos prazos, com máxima qualidade, sem drama nem chororô. Só quer ver resultado para os planejamentos previamente realizados.
A bailarina "relax" sumiu uns dias porque estava fora, precisava tirar "um tempo". Estava "estressada e não queria comprometer seu desempenho no espetáculo". Por conta disso, o resto da troupe ensaiou sem um integrante e teve problemas com a formação, marcação de palco, o básico que todas as cias de dança do ventre conhecem muito bem.
Quando se encontrarem, o clima estará um tanto tenso para ambos os lados com toda razão. Agora analise, de uma maneira cool. Pra não dizer fria ( sentido um tanto negativo que damos a essa qualidade no Brasil), mas podemos dizer fresca.
De uma maneira arejada, fresca, vamos observar. Todas nós já estivemos nos dois papéis não é mesmo? E fizemos várias tempestades em cálices de champagne, xícaras de chá e copos d'agua - tudo no maior luxo!
Só posso concluir que, se nos importássemos mais com a atividade que desenvolvemos e menos com nosso desempenho pessoal, poderíamos ter equipes de dança do ventre excelentes. Pois na minha opinião já temos os melhores professores,trei adores, técnica, bailarinas e performers do mundo. Sim, do mundo.
E nada do que fazemos sozinhos pode ser melhor do que o que fazemos juntos. Pode tentar, vai tentar muitas vezes . . .
Como me ensinou uma querida amiga e parceira de dança: "Nenhum de nós é melhor do que todos nós juntos."
Frase bonita.
O que será que falta para nós, cias de dança do Brasil atingirmos a qualidade que merecemos de fato? Talento, tecnologia, beleza, espaço não falta.
Talvez pudéssemos estudar, entre conscientização corporal e feminina ou disciplinas que revelam, descortinam, mimam e encorpam a sua "deusa interior" até o limite do absurdo; talvez pudéssemos estudar a conscientização sim, de tudo isso com ênfase no seu ser humano interior ( ah, eu sei que vc é humana, embaixo de todo esse glitter!!!!) para fazê-lo se relacionar melhor com os outros seres humanos. Inclusive para produzir dança de qualidade mesmo.
Imaginem o que nós: deusas brasileiras da bellydance internacional (hahahaha) poderíamos aprender se superássemos o complexo de BDSW - Bellydance Superstar Wannabe . . .

3 comentários:

  1. Flor, pessoas assim não estão prontas para estar num grupo que quer ser o máximo. Já tive uma colega que sumia, quando voltava, tava tudo lindo e pronto, ela me saía com umas assim "gente, tá tudo lindo, mas pq a gente não muda essa música? É tão chatinha...". Pense se vc não matava? Eu quase matei... várias vezes, depois, graças a Deus, ela desistiu. Mas volta e meia aparece uma assim. Creio que seja para nunca deixarmos de aprender a ser mais pacientes e tolerantes. E bola pra frente!

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  2. Concordo com as duas, a Ju e a pessoa que escreveu o comentário acima. Ju, vc sabe que a gente pensa igual, né?!? Não é a toa que o espetáculo vai ser lindo, além de estar sendo uma novidade no ramo da dança e por que não dizer inovadora?
    É isso ae, vamo brilhá! Beijos.

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  3. Pois é, amigas.
    Tolerância e paciência . . . pra dar e vender! Mas o pior é que meu coração é muito grande e mole, mole.
    Todo mundo me "leva na conversa". hahahaha

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