sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Dia da consciência


Logo após um dia lindo, preciso acionar a wikipédia:

"(. . .)Função mental de perscrutar o mundo, conforme afirma Steven Pinker, a consciência é a faculdade de segundo momento – ninguém pode ter consciência de alguma coisa (objeto, processo ou situação) no primeiro contato com essa coisa; no máximo se pode referenciá-la com algum registro próximo, o que permite afirmar que a coisa é parecida com essa ou com aquela outra coisa, de domínio."

Aí vai o cabeção pensando:
Será que estamos cientes de nossos atos e representações? Através de nossas ações, da comunicação não verbal, da verdadeira intenção que se desprende do corpo sem esforço e que se faz sentir por todos os presentes . . . sabe aquele instinto do coração?

Volta lá na wikipédia:

"A consciência (organismo do sistema conhecedor humano), provavelmente, é a estrutura mais complexa que se pode imaginar atualmente."

Bom, o que eu quero com isso é o seguinte: compartilhar com vocês a beleza que se revela nos gestos que não tem língua, não tem fronteira, não tem cor . Não fala árabe nem português, nem coisa nenhuma - pode ser que murmure hummmmm Um, Om, mam . Olha nos olhos, arrepia a mesma pele, do mesmo jeito.

No fim das contas, todos queremos reconhecimento: me reconheça como igual. Precisa explicar porquê?

Me recuso: te dou um abraço.






quarta-feira, 18 de novembro de 2009

As boas e velhas atualizações

Acordei hoje lembrando de uma experiência interessante, do tipo que enriquece as interpretações de ditados populares, por exemplo: " Se a vida te dá um limão, você faz uma limonada."
Passei muitos anos queimando a boca, mesmo com as advertências de que a exposição ao sol+delicioso sumo do limão resultaria em manchas escuras na pele.
Depois veio a fase da limonada mesmo, com muuuuito açúcar, nossa senhora mãe de Deus ( com todo respeito) agradeço por minha saúde e dentes nos dias de hoje.
E por fim, a vida me deu muitos limões e ao invés de limonada eu generosamente, fiz caipirinhas, caipiróskas e servi para os amigos, com açúcar, adoçante e gelo à vontade. Nos divertimos muito.
Pouco tempo atrás, depois que desisti de limonadas, caipirinhas e tudo o mais - uma sábia sacerdotiza da linda flor chamada Janaína me mostrou uma coisa que resgatou uma lembrança antiga: eu sempre gostei de limão. Puro. Gosto do cheiro, do jeito que ele amarra de leve na pele e na língua. Gosto da cor, da casca e do frescor que dá quando a gente cheira ele. E aqueles gominhos tão delicados que parecem mini bombinhas de ataque cítrico: mzzzzziiiiiiir, se você estoura aquela película, praticamente um véu - sua língua recebe um pontinho de "sei lá o quê" super citrus.
Afinal, parece que o limão só é horrivelmente azedo pra quem toma essa decisão antes de dar uma chance ao pobre limãozinho.
Procurem a Janaína, ela vai contar pra vocês.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Agradecimento


Boa tarde gente,
Quero agradecer a presença de vocês.
Desde que comecei a "surtar minhas palavras" em público, tive oportunidade de dialogar com pessoas apaixonadas que respeito muito e que por aqui deram o ar de sua graça.
O mesmo vale para as que não se pronunciaram com palavras, mas com sua presença trouxeram uma mensagem.
Muito obrigada.

domingo, 8 de novembro de 2009

O ingrediente secreto

Uma vez alguém me perguntou: "afinal, que bailarina você anda estudando, hein? Você tá dançando muuuuuuito! " - Com aquela ênfase exageradamente hiperbólica redundante que geralmente acompanha nosso discurso ao elogiar sinceramente outra bellydancer.
Fiquei tão envergonhada, entre outras coisas porque não estava "estudando" bailarina nenhuma. Respondi inocentemente: "a bailarina Samya Xuuuu!"
Não confundam as coisas - Não significa que eu seja um gênio, uma espécie de auto-didata que nasceu com consciência plena do corpinho ou algo do gênero. Eu estava concentrada em deixar fluir tudo o que havia tecnicamente estudado minha vida inteira e meu foco estava justamente em me preocupar com minha expressão, sem imitar ninguém. Inclusive eu estava evitando todo tipo de referências.
Outro detalhe importante, minha ligação com a música: sou muito concentrada na qualidade das melodias, é como se elas falassem comigo. Até mesmo os ritmos árabes parecem ter humor para mim. As pausas, momentos de tensão e relaxamento, tudo isso forma um conjunto poderoso que se traduz em movimentos muito rapidamente. Não dá pra explicar com palavras, assim eu danço.
Acho que esse processo in, de dentro -íntima de verdade, faz a gente improvisar com prazer. Sentir que dança de verdade.
E é só isso.
Se houver um segredo, arrisco meu palpite - a paixão de dançar ( não subestimem esse poder da natureza!) .
Jamais deixei de amar a dança, mas quando minha paixão me abandonou . . . foi como se eu mesma tivesse morrido um pouco. E eu não encontrava aquela Samya apaixonada em lugar nenhum.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Direção

Assim como o ator, o cantor e outros bailarinos:bailarina de dança do ventre precisa de direção. Poucas reconhecem a importância desta técnica-algumas até desdenham.
Sem exames de autocrítica e muitas vezes uma análise apurada de um vídeo (pode ser caseiro) não temos certeza da medida certa de nossa "entrega cheia de sinceridade" aplicada em cena, do tônus perfeito para um certo movimento no momento "tal" da melodia e assim por diante. Em resumo: muitas intensões podem não ficar bem claras para quem nos assiste.

Como se fosse um texto - faz muito sentido para o autor, mas nem sempre conseguimos compreender a exposição de idéias. Muitas vezes porque não houve uma exposição clara, de fato, seja por imperícia técnica, escolhas ruins, articulação pobre, pressa ou falta de
paciência o resultado é o mesmo: a comunicação do que era mais importante se perdeu num emaranhado de palavras.


E tem mais: É uma questão de ângulo, de visão.
No caso da composição de dança é literalmente olhar-se de fora e se possível um pouco de cima para visualizar deslocamentos, postura, linhas e alcance de expressão.
Isso o espelho não faz.
Agora compare: do espelho para a câmera ( vídeo) ; e do vídeo entregue-se para a análise de um bom profissional.
Eu explico:Você ensaia se olhando no espelho e grava essa mesma apresentação - pede à uma profissional de confiança para assistir você. São 3 avaliações.
Você escreve suas 2 avaliações separadamente. Uma logo depois de dançar e se ver no espelho e outra depois de assistir ao vídeo. A profissional convidada escreve a terceira.
Agora compare a impressão 1 à impressão 2 que é sua própria avaliação depois de ver à fita. Quanta diferença, não é mesmo? Você está chocada eu sei.
Leia a avaliação do outro profissional, do outro olhar, o de fora - o do público.

Você acha que dá para se avaliar, corrigir ou ter uma real dimensão da sua dança assistindo a um vídeo?
Pense nas bailarinas que você viu ao vivo, de pertinho depois de ver por muitos anos em vídeo. Há milhões de detalhes que o vídeo não capta.



Não é só porque você atingiu um desenvolvimento satisfatório na sua dança que pode sair por aí dispensando recursos que as artes utilizam há milênios . . . isso pode ser só o começo.

Pensem com carinho.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Descoberta

Sabe que percebi uma coisa muito interessante sobre a dinâmica das relações humanas ( e felinas) na minha vida. Quanto mais sinceramente sou, falo, expresso e danço plenamente, mais gostoso fica. Mais amor eu recebo.
Anos atrás eu pensava que deveria ser muito certinha e controlada para evitar confrontos - desagradar as pessoas com minha presença, com minha dança.
Opiniões politicamente corretas podem "harmonizar" muito bem com a maquiagem certa, a roupa bem escolhida. Tipo um programa de TV em que trocam todo o guarda-roupa da vítima feliz, cercada por stylists enlouquecidos.
Falando francamente, no meu caso acho que era uma insegurança fd%*%*%*, entendeu?
Enfim, hoje em dia eu percebo que quanto mais a gente permite ser do jeitinho que a gente é, mais bonito fica. Até quando fica feio.
O primeiro insight veio assistindo a Dina, ela mesma. Vi um vídeo em que ela estava linda, perfeita. Roupa elegante, cabelo bem melhor, corpão aprimorado, giros supremos. Mas não sei . . .voltei à Monte Carlo - Dina em Monte Carlo obaaaaa!, aquelas roupas terríveis, aquele cabelo estranho, maquiagem digamos, ah deixa pra lá. Mas que tesão de dançar essa mulher tinha. Como ela era deliciosamente imperfeita . . . e tão original nas suas escolhas de leitura. Uma Dina apaixonada pela música. Até sob os olhares de . . . (?) de uma Amani libanesa que não percebia que estava sendo filmada.
Mas eu nem me comparo à super Dina, pelo amor de Deus!
O que me bateu fundo pra comprovar a teoria foi uma lembrança: escala de sábado na casa de chá. Sabe aquele dia que você tá literalmente atacada, exagerada?Tá dançando como se aquele dia fosse o último?
Foi esse dia, nos idos de 2002, 2003 . . .
Eu entrei quebrando tudo numa música clássica, sem censura nenhuma, pirando.
Foi a primeira vez que consegui esquecer de tudo, ao invés de travar quando o Habibi entrava na sala pra tocar snujs.( É como aquele respeito que temos pelos professores da gente. Dá uma travadinha básica na presença dos mestres. O mesmo me acontecia nas aulas da Lulu)
Quando eu saio é que me lembro: Ai, vou tomar bronca do Habibi!
Minha surpresa: " Samya, woooow!muito bom" - um elogio empolgado.
Uma nota importante de direção para o meu trabalho. Não é qualquer opinião.

Minha descoberta foi essa. Ontem me lembrei disso ao fazer uma apresentação extremamente relaxada, sem pretensões de perfeição. Sabem o que aconteceu? Elogios sinceros e empolgados.
Mas o mais imporante: eu fiquei extremamente satisfeita com a bailarina Samya Ju.