domingo, 3 de outubro de 2010

Por que parou?



A bailarina parou! Não dança mais . . .
O que faz uma bailarina dançar, afinal? O que a coloca em movimento, senão uma paixão irracional?
Por que tanta gente busca motivos? O mais simples deles não contenta o curioso?
Acredito que só paramos para continuar. Claro. Objetivamente falando: paramos "de dançar" para poder continuar com nossa vida e assumir novos projetos - paixão: aprender coisas novas, expandir possibilidades.
Meu testemunho pessoal. Já disse muitas vezes e repito - parei por amor. Amor à dança. Porque dançar profissionalmente estava me roubando o prazer de dançar. Problema meu. Conheço 1.532 bailarinas que trabalham diariamente com dança e ainda dançam com muito tesão.

Recebi um texto muito gostoso da minha colega Yasmine, de Cuiabá. E compartilho com vocês. Obrigada Yas.


"Chega um momento na nossa vida que fica tudo tão claro. O meu foi preciso. No exato momento em que parei de surtar (com um monte de tralhas incrivelmente sufocantes que me cobravam muita responsabilidade) eu nasci de novo.
Inclusive a dança nasceu de novo. "Dança do ventre" me diz pouco, não me provoca. Porque realmente o universo "bellydance" do qual fiz parte deixou de existir em mim. Assim eu danço, de verdade - com todo coração. Não posso dizer que isso é Dança do Ventre. Não consigo submeter essa dança à qualquer regra: aquelas que eu mesma criava para mim. Não consigo impor limites. Realmente não dá mais.
Confesso com gratidão que precisei ter tudo e perder tudo. Daí esse "tudo" fez sentido, afinal.
Sem amor não há movimento.
Desejo que vocês jamais provem isso na própria carne. Se houver outra maneira de valorizar o papel do amor na dança, compartilhem com o mundo.
Estarei com vocês. "

(Bailarina Samya-Ju referindo-se ao processo de parar de dançar e desligar-se dos padrões e retornar com novo enfoque, artístico, abrangente e repleto de amor)
O que leva uma pessoa a parar de dançar ?
O que leva uma pessoa a "desencantar-se" com a dança?
De repente, aquela companheira de tantos anos- a dança- tanto suor e encantamento desaparecem simplesmente no ar?
ou ficam lá em alguma janelinha da alma esperando ser cutucado pra vir a tona ?
Já passei por um processo semelhante ao da Samya .Felizmente nao me conformei .
Tentava reencontrar aquela magia , a cada dia, que eu vi quando comecei a dançar...buscava nas janelinhas de minha alma, cheiros, lembranças, sons que me remetessem àquilo tudo.
Lutei por longo período de idas e voltas.
Aos poucos, tudo ficou muito simples e claro... e percebi que há um sentido muito maior na Dança, o sentido que une asp essoas em circulos, seja dançando seja se apresetnando... esse sentido preencheu minha alma de tanto significado que superava minhas expectativas... e mesmo dentro deste processo, noto que, quando não há uma intencionalidade,uma consciência dentro do processo, o "vaso se esvazia" e a dança torna-se uma planta seca, um cadáver... A Arte não pode ser reduzida a um apanhado de regras...ela tem que ir além, transcender a técnica.
Fiquei muito feliz ao saber que minha amiga Samya conseguiu tambem preencher de significado e ir alem de padroes para compreender a profundidade e significados da dança e espero que todas as pessoas que leiam estas simples palavras sintam-se com o coração inundado por esse amor que move a Dança em todo mundo!
compartilho com vocês e rogo que consigam manter acesa a chama da magia em seus corações!
e agradeço a todos que não desistiram e estiverem ao meu lado nas idas e vindas! serei eternamente grata!

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Paz Profunda em Nossos Corações! بارك الله فيك
Yasmine Amar
Danças Árabes e Andaluzas

5 comentários:

  1. A dança do ventre, do jeito que é ensina em muito lugar e propagada pelo mundo, poda a criatividade, a falta de lógica artística, o imprevisível.
    Fizemos um rompimento: deixamos isso pro tribal e continuamos tradicionalistas.
    Não é à toa que muita gente migrou pro tribal.
    Eu persisto. Tento me livrar dos meus próprios grilhões, mandar todo mundo à merda e fazer aquilo que me guia o coração.
    Nem sempre consigo, mas espero estar no caminho.
    Um abraço apertado!

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  2. Com certeza, Lory.
    Vale lembrar que muito das restrições estão na cabeça do aluno.
    Minhas primeiras professoras: Íris Faria (em Piracicaba)e Lulu Sabongi (em São Paulo); são totalmente diferentes entre si e todas me passaram visões muito inovadoras da dança. Sou muito grata a elas por me inspirarem a dançar com arte - embora nem sempre eu tenha compreendido o caminho pelo qual elas estavam fazendo isso.

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  3. Bom, eu parei com a dv e com o tribal, mas jamais vou parar de dançar. Só vou em busca de novas danças, que me desafiem mais, que me motivem mais e que tenham um ambiente de trabalho e convivência mais confortáveis! A dança não sai de mim, nem que eu queira! Mas quando uma modalidade não me agrada, eu penso um pouco, peso os prós e contras e vou em busca de coisas novas sem olhar pra trás e sem medo de me arrepender pelas escolhas que faço!

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  4. Oi Ju, me identifico completamente com seu momento e com o da Yasmine.
    A gente vai ter que tomar café por horas para colocar todo o papo em dia!
    Estou aqui em Porto Alegre com a Vivi, ela está te mandando um beijo e disse que concorda com o que foi dito no texto (eu li em voz alta para ela, rs).
    bjocas

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  5. Falou e disse, super Shaíde!
    Elaine e Vivi - vcs matam a gente de inveja branca tomando cafezinho em Porto Alegre . . . sem comentários, só muitos beijos

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